ORDENAÇÃO FEMININA: PERMISSÃO OU IMPEDIMENTO BÍBLICO? - Lígia César
ORDENAÇÃO
FEMININA: PERMISSÃO OU IMPEDIMENTO BIBLICO?
Lígia César
Seminarista do IV ano do Curso de Teologia do
Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste
RESUMO
Este artigo apresenta
conceitos e apreciações referentes ao significado do que seja igualitarista e
diferencialista, obrigação e submissão. Para que sirva como instrumento aos
estudiosos da Palavra de Deus como matéria de esclarecimento e defesa da fé
cristã, frente à avalanche de significados que vem surgindo, no meio
evangélico.
Palavras chave: Igualitarista e Diferencialista, Obrigação e Submissão
1. INTRODUÇÃO
“Igualmente
vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como
vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que
não sejam impedidas as vossas orações” (1Pe 3:7).
Tenho observado que existe uma questão onde se
diz que a mulher não deve ocupar cargo na igreja. Um bom exemplo dessa questão é
quanto a ordenação feminina, confesso que esse título não me agrada, no entanto
existem mulheres que tem uma grande capacidade de liderança. O que fazer com
esse dom? Jogar fora? Não foi Deus quem deu? Acredito que o homem deve estar
preocupado em ser e fazer aquilo que Deus colocou em suas mãos. Ao negligenciar, ele dá o
direito de outra pessoa vir e fazer aquilo que ele deixou de fazer, haja vista
que muitas mulheres têm sido mãe e pai. A carga é pesada, mas elas têm feito isto
com muita dignidade. Diante dessa reflexão, vamos deixar nossos filhos morrerem
de fome? Vamos deixar o povo morrer sem ouvir a palavra de Deus? Acho que tudo
isso começou em Gênesis 3.
Se o nosso
olhar estiver direcionado nesse ângulo, realmente não vamos ter muita saída;
fica quase impraticável aplicar os mandamentos de Deus. Quase todas as culturas
tem se submetido aos ditames do mundanismo. E os homens realmente tem novamente
negligenciado o papel que o Senhor Deus entregou em suas mãos; entregando-se às
paixões que o mundo oferece: o sexo fácil, a comodidade de ter uma renda a mais,
negligenciando dessa forma a educação dos filhos, quando os tem. A falta de
compromisso no que diz respeito à palavra de Deus e a Igreja propriamente dita.
Isso não é muito difícil de ser comprovado; basta entrar em uma Igreja e vamos
constatar que o maior número de membros é de mulheres.
Creio
piamente que essa mudança em nosso sistema tem realmente afetado a Igreja de
tal maneira que essa geração não pode realmente conceber a proibição divina de
a mulher ocupar cargo que seja exclusivo para o homem na Igreja, e até mesmo de
modo geral se submeter a uma liderança masculina. E o que é mais grave, nem
mesmo os homens têm consciência disso. As palavras chave aqui são “submissão” e
“obrigação”. Quase sempre que essas palavras são pronunciadas gera certo
desconforto naqueles que as ignoram. Mas se honestamente procurarmos nos
desprender de quaisquer pressupostos, não encontraremos em pesquisa nenhuma
abordagem de grandes nomes ligados à teologia, que venham validar biblicamente
a ordenação feminina. Por outro lado, descobriremos as maravilhas que Deus
designou para cada um dos gêneros: homens e mulheres.
2.
OPINIÕES TEÓRICAS QUANTO À ORDENAÇÃO FEMININA
Segundo
Augusto Nicodemos Lopes, existe duas posições no que se refere ao assunto: os
igualitaristas e os diferencialistas. Os igualitaristas defendem a opinião que
Deus criou originalmente o homem e a mulher iguais; a subordinação feminina se
deu em relação à queda. Seria uma espécie de castigo divino com consequentes
reflexo socioculturais. Com o advento de Cristo essa punição e seus reflexos são
removidos.
Os
diferencialistas entendem que, desde a Criação, Deus estabeleceu papeis
distinto para ambos; logo a queda não interfere nos gêneros masculino e
feminino. Os diferencialistas defendem a tese que, antes mesmo da queda, Deus
estabeleceu papeis distintos para o homem e para a mulher. Devemos entender que
essas diferenças são propositalmente pré-ordenadas para que ambos se completem
de forma harmoniosa e agradável, porque tudo que Deus criou foi bom, para poder receber o
homem e a mulher. Gn, 1 26-27. O Senhor Deus não iria criar nada semelhante a ele que fosse ruim.
Devemos
também levar em consideração que os valores socioculturais, nem sempre refletem
os reais valores estabelecidos por Deus. Os diferencialistas defendem igualdade
antológica do ser e diferença de funções e papeis entre homem e mulher.
Enquanto os igualitaristas defendem a tese baseando-se no avanço da
civilização, na modernização, no progresso humano e no crescimento
participativo das mulheres em outras áreas proeminentes da sociedade, essa é
uma visão bem humanista. Em uma cultura que ignora o que significa submissão e
obrigação referente à Lei de Deus, certamente uma ideia preconcebida irá
opor-se, antes mesmo de qualquer tipo de investigação.
Segundo
John Piper, homens e mulheres têm dons dados por Deus ambos são ministros que
preparam os santos para o ministério, Ef. 4:12. O ministro é a canalização da
graça de Deus é através dos dons espirituais que cristãos são aperfeiçoados e trazem (de fora) para a igreja aqueles
que foram eleitos por Deus. É através dos dons que somos despenseiros da multiforme graça de Deus. 1Pe 4:10. Todos os dons
são dados tanto para homens como para mulheres, mas isso não decide como o dom
deve ser usado. Em sua opinião o oficio de presbítero ou pastor é uma
responsabilidade apenas do homem. Ou seja, a congregação propriamente reunida. “A
mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” (1Tm. 2:12).
Segundo
Wayne Grundem, em um estudo sobre o pensamento do apóstolo Paulo nos diz que, o
impedimento está em ensinar a Bíblia em uma assembleia, exercendo autoridade
masculina. No entanto, isso não impede a mulher de ensinar aptidões, como
grego, hebraico, ou aconselhamento bíblico, passarem informações a igreja, como
um relatório de atividades. Ele diz que é importante distinguir entre ensinar a
Bíblia, e ensinar aptidões ou dar informações.
A
pergunta é: pode mulheres ser ordenadas para servir como Pastoras, presbíteras
e diaconisas? Devemos levar em consideração o tempo em que vivemos, bem como
nos ensinam as ciências relativo à teologia, como a psicologia e a sociologia,
ou seja as ciências em geral, mas essa questão só pode ser esclarecida a luz
das escrituras.
O
conflito se estabelece quando pelo um espírito de rebeldia ou por comodismo não
se empenham em um estudo mais apurado no que diz respeito à hermenêutica e a
exegese bíblica, isso requer tempo e desprendimento. Não existe outro caminho a
ser percorrido a não ser o caminho da investigação, o caminho da submissão a
Deus do qual temos obrigações e deveres. Quando nos referimos ao vocábulo,
“submissão”, no que se refere à vida cristã, estamos nos referindo a uma vida
piedosa, submissa a Deus, bem como quando nos referimos ao vocábulo “obrigação”
estamos nos referindo a esse cristão que tem uma vida piedosa e tem um
compromisso com os mandamentos de Deus em relação a sua palavra e
aplicabilidade.
Não
vamos aqui se estender, mas há um número bom de obras onde aqueles que têm amor
a Deus e a sua palavra que pode dedicar-se ao desenvolvimento do aprendizado. Já
que o assunto “é polêmico para alguns”, mas há uma advertência a ser feita para
os interessados, não se aprende enquanto estiverem escravizados por
pressupostos culturais, religiosos e quando não estiverem preparados para
mudanças, e deixar que as escrituras tenham a palavra final. Não devemos apenas
usar algumas passagens bíblicas de forma isolada, que nem sempre são claras para
validar qualquer argumentação, tais como Rm. 16.7, onde se ler “apóstolo” e
“Junias”. Alguns igualitaristas usam essa passagem para afirmar a ordenação
feminina, no entanto estudos exegéticos e hermenêuticos afirmam que esse texto
não é valido para sustentar qualquer argumentação, tanto por parte de
igualitaristas como diferencialistas, porque, há uma controvérsia quanto ao
gênero (feminino e masculino), que tem origem grega. No entanto, deve-se levar
em consideração que Jesus não escolheu mulheres para serem apóstolos. E ainda,
Epfânio, o bispo de Salamina, menciona Júnias de Rm. 16.7 como sendo um homem
que veio a ocupar o bispado de Apaméia, Síria.
Gálatas
3.28 “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem
fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. A abordagem
igualitaristas com relação a essa passagem diz que com a vinda de Cristo estão
abolidas todas as diferenças entre homens e mulheres voltando a ser como no
início da criação. Todavia, antologicamente o homem e a mulher desde o início
da criação foram feitos iguais, com funções e atividades diferentes, mesmo
antes da queda. Essa passagem é passível de um estudo exegético mais apurado,
com relação ao contexto e estrutura das palavras, e quanto a nossa posição
diante de Deus, homem e mulher.
3.
CONCLUSÃO
No
entanto devo expressar a minha opinião diante do estudo parcial que fiz a
respeito da ordenação feminina, ou seja, quanto ao ministério da mulher no que
diz respeito à determinada função onde comumente atribuí-se ao homem. Bem, o
ministério de levar as boas novas de Jesus não está na Bíblia especificado quem
deve levar essa notícia, porque hora vamos encontrar Jesus falando para homens,
como na grande comissão, quando ele diz aos onze, “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações.” (Mt 28:18; Mc
16:16). Já na província de Samaria quando Jesus deixou a Judéia, e a Galiléia,
encontrou-se com uma mulher samaritana. Para se ter uma ideia de quem era essa
mulher, olhemos para história. O povo samaritano era muito discriminado pelos
judeus e na escala de discriminação os samaritanos ficavam em último lugar. “Há duas nações que minha alma detesta e uma
terceira que nem sequer é nação” (Eclo 50,25-26). Os judeus odiavam os
samaritanos e tinham um preconceito muito grande com relação às mulheres, veja
só a oração que eles faziam logo pela manhã! “Deus, eu te agradeço por não ter nascido pagão, por não ter nascido
escravo e por não ter nascido mulher.” Essa oração nos dá a ideia da
dimensão da discriminação em relação às mulheres, imaginem só o que seria ser “mulher
e samaritana”. Além desses predicados que essa mulher tinha era de ter tido
cinco maridos e nenhum dela!
A
Bíblia relata em João 4:3-42 que Jesus sendo homem, judeu, teve um encontro e falou
com aquela mulher samaritana, sem nenhum preconceito, motivo de admiração por
parte de seus discípulos e até mesmo da mulher, acostumada a ser descriminada. Onde
no final daquela conversa a mulher samaritana voltou para a cidade falou para
os “homens” da cidade a respeito de Jesus e muitos creram em virtude do “testemunho
da mulher”. Essa questão entre a mulher e homem começa desde Gênesis quando o
homem deixa de realizar o papel para o qual Deus lhe ordenou: “cuidar e
obedecer”, passando a acusar a mulher pelos seus erros e o que é pior, ele
acusa também a Deus. “A mulher que me
deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.” (Gn 3.12). Desde então
o que era para ser prazeroso e harmonioso, se estabeleceu em disputa, falta de
harmonia e inversão dos papeis e valores. Não podemos mudar o que já foi feito,
por mais que nos desagrade e acredito que esse é o real sentido, não está de
conformidade com o pecado, Deus não nos criou para disputa, mas para a união.
Depois
da queda o desejo da mulher seria de controlar o homem e por sua vez o homem a
dominará (Gn 3.16). Assim também o homem seria tentado, mas também cabe a ele
dominar os desejos pervertidos do pecado, como está escrito em (Gn 4.7). As
instruções do Apóstolo Paulo a Timóteo. "Não permito, porém,
que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em
silêncio." (1Tm 2: 12) se refere à disciplina na
igreja, o apóstolo estava tendo o cuidando de não cair na tentação de não
cuidar das instruções dadas por Deus, assim como foi dada a Adão, permitindo
que falsos ensinamentos pudessem botar a perder todo o seu trabalho, colocando
em risco o rebanho. A mesma instrução foi dada aos coríntios, “Porque
Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não
lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a Lei”. (1Co 14. 33-34).
Não
há confusão na palavra de Deus, tudo é bem claro, e Deus não é Deus de
confusão, tudo foi criado conforme as necessidades e com suas funções, a mulher
não é mais nem menos para Deus. Diante de Deus somos todos iguais, mas
diferentes em função, e gênero e devemos nos submeter a essas diferenças. Um
peixe não pode viver e exercer suas funções fora da água, assim como um homem
não pode viver e exercer funções da mulher e a mulher não pode viver e exercer
funções atribuídas aos homens. É por isso que Paulo escreve: “Porque
o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo
ele próprio o salvador do corpo”. (Ef. 5:23), Assim como na
trindade, há diferença e unidade entre Pai, Filho e Espírito Santo. “Mas
quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da
mulher; e Deus a cabeça de Cristo”. (1Co 11:3).
Os relacionamentos segundo os propósitos de Deus devem
ser harmonioso, respeitoso, sabendo que homem e mulher são igualmente herdeiros
das promessas de Deus, de forma que a morte de Jesus não foi apenas para os
homens, mas para as mulheres também. Não! Não vamos distorcer o que Deus fez! Homem
e mulher têm papeis e funções diferentes sim. Já pensou um homem parindo? E o
que me diz do casamento homossexual? Que aberração! Uma família só é harmoniosa
quando reconhece o que é ser pai, ser mãe e ser filho, tornando-se assim uma
unidade. Por que deve ser diferente na igreja do Senhor? Não é muito difícil
compreender isso se realmente estivermos dispostos a aprender o que é
obrigação, subimissão e obediência. Acredito que a resposta do início do texto
esteja aí, nesse desequilíbrio dos papeis, mulheres sendo mãe e pai, assumindo muitos
papeis tornando a carga realmente pesada. Elas fazem isto com dignidade. Claro
que sim, mais não foi assim que Deus projetou. E para ser mais sincera, devo
admitir que o número da criminalidade tem aumentado: drogas, prostituição,
falta de amor, desrespeito contra o idoso, contra a criança e contra a
natureza. A família! Há a família, essa está agonizando quase em seu ultimo
suspiro.
“E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus
os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade;
cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; Sendo murmuradores,
detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos,
inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; Néscios, infiéis nos contratos,
sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; Os quais, conhecendo a
justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não
somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem”. (Rm 1:28-32).
REFERÊNCIAS
GRUDEM, Wayne. Confrontando o feminismo
evangélico. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
KNIGHT, George. A Lei de Deus
e a
É muito cômodo para um homem se posicionar dessa forma, o "papel" da mulher é diferente, mas diga-se de passagem sempre numa posição de subalternidade, nunca poderá liderar, sempre obedecer. Para homens deve permanecer assim, sobretudo para os egoístas, sobre esse argumento de papéis e usando versículos isolados da bíblia tirar qualquer autonomia da mulher e possibilidade de protagonismo, de ter sua opinião respeitada. Amor e caridade jamais estão presentes em uma visão que sempre relega um ser para segundo plano, e enaltece o outro só pelo fato de ter órgãos reprodutores masculinos.
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